quinta-feira, 12 de abril de 2018

DO LADO DE CÁ DO PARAÍSO...

Ensaios experimentais de Psicologia Ambiental
DO LADO DE CÁ DO PARAÍSO.
Afonso Fonseca, psicólogo



A tenda ainda estava escura, o chão cheio de roupas e lençóis, quentinhos. As velhas mochilas no canto.
Lá fora, já cedia a escuridão aos raios do sol nascente, ainda escondido, mas que não escondia mais a manhã...
Dois indícios são inquestionáveis: o canto cooperativo e ritmado dos galos esparsos; e o alvorecer do canto dos pássaros. Ali, na mata próxima, e pelo Cerrado...
Sim, estamos no encontro do Sertão, com o Cerrado e com a Amazônia.
Há algumas horas dali, na praça central de Palmas, encontram-se as imaginárias linhas Norte-Sul e Leste-Oeste do Brasil.
Trace, imaginariamente, estas duas linhas num mapa do Brasil... O local onde elas se encontram, fazendo um ângulo reto... Aí é o Centro do Brasil... O Centro de Palmas... Aí é o Centro da praça central da retilínea Palmas... Ampla praça, com seu soturno, e enorme, palácio ao centro, como se tivesse saído exato de Metrópolis...
Dali de perto, pegamos um ônibus, que sai uma vez na semana, e pegamos a estrada.
Ponto final, Mateiros, no miolo do Jalapão, perto da comunidade Quilombola de Mumbuca. Onde o ônibus fica estacionado na casa do motorista.
Passamos por Novo AcordoSão Félix do Araguaia, onde passa o bucólico Rio do Sono.
Algumas horas, e dezenas de quilômetros depois, vamos desembarcar no sítio do Vicente.
Vicente é um antigo motorista de caminhão na Belém – Brasília, que Resolveu sentar o facho, e se estabeleceu no Jalapão, às margens do Rio Formiga. Que termina no Rio do Soninho, que vai pro Rio do Sono.
No caminho, vale compreender que todo aquele relevo foi fundo de mar, nos tempos geológicos... O Mar central do Brasil. Aí, compreendemos as curvas, os cumes aplainados, as concavidades, e os convexos, a água que transita remanescente... Em alguns lugares, parece que vemos a impressão das ondas que modelaram o relevo...
Pudemos armar a barraca perto do Rio Formiga. Uma corrente estreita, mas densa, e impetuosa. Limpíssima, cristalinamente limpa, como era no começo dos tempos... Areia branquinha no fundo... Alguns buritis nas margens, e mesmo nascendo bem dentro do rio...
É a parte mais baixa do terreno.
O Formiga nasce, jorro impetuoso, a alguns quilômetros dali, ao Norte. E termina no Rio Soninho.
Caminho levemente ascendente, e a tenda armada... Mais um pouco, a casa do sítio, com o seu delicioso restaurante, simplíssimo; e naturalmente rústico, movido a fogão a lenha...
Mangueiras espalhadas por todo canto. Mangas maduras. O chão pontilhado delas, caídas a cada noite...
Abrir a tenda, e constatar que o dia amanhece...
Alívio do xixi longo. E espreguiçar...
Roupa de banho, rumo ao formiga...
Não sem antes apanhar três mangas, cuidadosamente escolhidas.
Pés no chão... Sentar numa pedra na beira do riacho, e sorver cada uma das três delas.
Tranquilo de que haverá água abundante e limpa, para lavar a lambuseira do rosto, do bigode, da barba, e das mãos... Ao primeiro mergulho...
Depois o mergulho revigorante na corrente vigorosa e cristalina... Pés na areia branquinha e suave...
O local do banho é um pequeno trecho. Abaixo e acima o rio é, sombrio, selvagem e misterioso...
Depois do banho, secar, trocar de roupa... E rede...
A rede pendurada entre duas árvores. E ler alguma coisa mais civilizada, até o chamado da casa, para a primeira parte do café da manhã. Sim, porque o café da manhã aqui é em dois rounds. Um que sai pelas 6.30hs... Pão, bolo, queijo, biscoito, pão de queijo, broa, leite... E café quentinho, feito no bule, no fogo à lenha. Junto com o primeiro papo.
Dispersamo-nos, já satisfeitos...
Pelas 9.00hs, 9.30hs, vem o segundo round. Aí tem mais, carne e galinha guizadas, bife, cuscus, macaxeira, inhame, ovo, frutas, suco, banana frita...
Pelas 13hs. Sai o almoço. Até lá, mais rede, banho de rio, explorar as redondezas...

Não parece -- dada as securas  dos caminhos, as dunas, que resultam da erosão eólica da Serra do Espírito Santo –, mas o Jalapão não é um deserto, mas o imenso -- qualitativo e quantitativo --  aquífero. O diferencial do Jalapão é a água.
O Jalapão assenta-se sobre imensidades de água. E é reconhecido como “caixa d’água” do Brasil. Designação que não é exagerada, uma vez que no Jalapão ocorre o fenômeno das águas emendadas. No Jalapão são emendadas as águas de quatro bacias hidrográficas. As bacias do Rio Tocantins, para Oeste do Brasil; do São Francisco, para Leste; do Parnaíba, para o Norte Nordeste; e do Rio da Prata, para Sul. Isto quer dizer que as bacias do Tocantins, do São Francisco, do Parnaíba e do Rio da Prata têm origem no Jalapão. O rio Formiga, impetuosa corrente, de águas cristalinas, morre no Rio Soninho, puríssimo. O Soninho vai para o Rio do Sono; o Rio do Sono vai para o Rio Novo, que segue para o Tocantins. na Amazônia, regando terras, e abastecendo rios.
Perto de Mateiros nasce O Rio Parnahybinha, que vai constituir o Parnahyba, que percorre os sertões de Maranhão e do Piauí, encontra-se como Poty, em Teresina, e vai morrer no seu Delta Atlântico. E nascem, também, o Galhão e o Negro, que vão constituir o São Francisco, que morre nos areais de sua foz, no Pontal do Peba, entre Alagoas e Sergipe...
Mas, num sentido muito próprio – demográfico, e não geomórfico -, o Jalapão é um deserto. No sentido mais propriamente humano, o Jalapão tem uma densidade populacional baxissima. Desde que os mateiros chegaram, do Sul do Piauí, e do Maranhão, da Amazônia, e do Oeste da Bahia...

FENÔMENO DOS RIOS VOADORES
Os rios voadores são “cursos de água atmosféricos”,  formados por massas de ar carregadas de vapor de água, muitas vezes acompanhados por nuvens, e são propelidos pelos ventos. Essas correntes de ar invisíveis passam em cima das nossas cabeças carregando umidade da Bacia Amazônica para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil.
Essa umidade, nas condições meteorológicas propícias como uma frente fria vinda do sul, por exemplo, se transforma em chuva. É essa ação de transporte de enormes quantidades de vapor de água pelas correntes aéreas que recebe o nome de rios voadores – um termo que descreve perfeitamente, mas em termos poéticos, um fenômeno real que tem um impacto significante em nossas vidas.
A floresta amazônica funciona como uma bomba d’água. Ela puxa para dentro do continente a umidade evaporada pelo oceano Atlântico e carregada pelos ventos alíseos. Ao seguir terra adentro, a umidade cai como chuva sobre a floresta. Pela ação da evapotranspiração da árvores sob o sol tropical, a floresta devolve a água da chuva para a atmosfera na forma de vapor de água. Dessa forma, o ar é sempre recarregado com mais umidade, que continua sendo transportada rumo ao oeste para cair novamente como chuva mais adiante.
Propelidos em direção ao oeste, os rios voadores (massas de ar) recarregados de umidade – boa parte dela proveniente da evapotranspiração da floresta – encontram a barreira natural formada pela Cordilheira dos Andes. Eles se precipitam parcialmente nas encostas leste da cadeia de montanhas, formando as cabeceiras dos rios amazônicos. Porém, barrados pelo paredão de 4.000 metros de altura, os rios voadores, ainda transportando vapor de água, fazem a curva e partem em direção ao sul, rumo às regiões do Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil e aos países vizinhos.
É assim que o regime de chuva e o clima do Brasil se deve muito a um acidente geográfico localizado fora do país! A chuva, claro, é de suma importância para nossa vida, nosso bem-estar e para a economia do país. Ela irriga as lavouras, enche os rios terrestres e as represas que fornecem nossa energia.
diagrama
O caminho dos rios voadores. Fonte: Projeto Rios Voadores
O diagrama ao lado mostra os caminhos dos rios voadores. Clique na imagem para abrir em tamanho maior, para melhor visualização.
Na página dos Vídeos e das Animações Didáticas, há outros recursos que explicam os processos de formação dos rios voadores.
Por incrível que pareça, a quantidade de vapor de água evaporada pelas árvores da floresta amazônica pode ter a mesma ordem de grandeza, ou mais, que a vazão do rio Amazonas (200.000 m3/s), tudo isso graças aos serviços prestados da floresta.
Estudos promovidos pelo INPA já mostraram que uma árvore com copa de 10 metros de diâmetro é capaz de bombear para a atmosfera mais de 300 litros de água, em forma de vapor, em um único dia – ou seja, mais que o dobro da água que um brasileiro usa diariamente! Uma árvore maior, com copa de 20 metros de diâmetro, por exemplo, pode evapotranspirar bem mais de 1.000 litros por dia. Estima-se que haja 600 bilhões de árvores na Amazônia: imagine então quanta água a floresta toda está bombeando a cada 24 horas!
Todas as previsões indicam alterações importantes no clima da América do Sul em decorrência da substituição de florestas por agricultura ou pastos. Ao avançar cada vez mais por dentro da floresta, o agronegócio pode dar um tiro no próprio pé com a eventual perda de chuva imprescindível para as plantações.
O Brasil tem uma posição privilegiada no que diz respeito aos recursos hídricos. Porém, com o aquecimento global e as mudanças climáticas que ameaçam alterar regimes de chuva em escala mundial, é hora de analisarmos melhor os serviços ambientais prestados pela floresta amazônica antes que seja tarde demais.
Obs. O termo “rios voadores” foi popularizada pelo prof. José Marengo do CPTEC.
Links de sites relacionados ao tema.
CPTEC – Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos: www.cptec.inpe.br
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais: www.inpe.br
INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia: www.inpa.gov.br
LBA – Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia : lba.inpa.gov.br/lba/
IMAZON – Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia: www.imazon.org.br
(Projeto Rios Voadores da Amazônia -- http://riosvoadores.com.br/o-projeto/fenomeno-dos-rios-voadores/ em 08/04/2018.).

Que coisa... Parece mitologia indígena...
Mas é isso...
Sobre nossas cabeças – mais no Norte, no Centro, Centro Oeste e Sul -- passam enormidades de massas d’água sob a forma de vapor, sugadas pela floresta amazônica, e conduzidas pelos ventos, em verdadeiros rios voadores, para o Centro Oeste e o Sul do Brasil eda América. E que fornecem e regulam o regime de chuvas por todo o país e pelo continente...
Porque mencionar os rios voadores?
Por que eles regulam e alimentam o regime de chuvas por todo o Brasil, em particular no Centro-Oeste e Sudeste e Sul.
E porque, pensando os imensos aquíferos na Amazônia, a Amazônia como a efetiva caixa d’água do Brasil, e os imensos fluxos de água subterrânea entre a Amazônia, o Norte e Nordeste Meridional, o Centro Oeste e o  Sul, não é absurdo, do ponto de vista leigo, pensar imensos fluxos de água entre estas regiões e aquíferos, e entre a Amazônia e o Aquífero Guarani.
A elevação geológica dos Andes é evento fundamental para o continente, e para o Brasil.
A presença da elevação dos paredões dos Andes, faz com que os ventos Alíseos, carregados de vapor d’água, os rios aéreos, mudem de direção, de Leste-Oeste, para Norte-Sul. Determinando a qualidade e a quantidade do regime de chuvas do Centro Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. E a manutenção e replenificação dos aquíferos.
Tínhamos mesmo um mar interior, nos tempos geogênicos, que ia do Amazonas ao Rio da Prata, ocupando o Centro do Brasil. Com a elevação dos Andes, este mar escoou para o Atlântico, pelo Amazonas, e pelo Rio da Prata. Que ficaram como remanescências...

De um mirante, à margem da estrada, observamos a Serra da Capivara, e Serras adjacentes – no Sul do Piauí. Ao Noroeste da Chapada das Mesas, perto de Carolina, no Maranhão; e ao Nordeste do Jalapão, no Tocantins. Bem mais ao Noroeste, está a Amazônia
O guia diz: tudo isso que vemos aí era um mar.
Que refluiu para o Oceano, em Fortaleza.

Pelo alto, passam do Norte para o Sul, os belos e incríveis rios voadores da Amazônia --  na verdade, mais a Oeste.
Considerando as enormidades de águas subterrâneas da Amazônia, as águas que passam pela chapada das Mesas, em Carolina, as águas do Jalapão, e águas do aquífero Guaraní, ao Sul do Brasil, não há como não pensar, como leigo, a existência de análogos rios subterrâneos, que alimentam esses aquíferos, e, em última instância, o Aquífero Guaraní. Alimentando o suprimento de água do Nordeste e Norte Meridionais, Sul do Brasil. Do Paraguai, Uruguay, e parte da Argentina...

Contrariamente a imagem do Jalapão como um curioso deserto, o Jalapão, assim, de fato é um imenso aquífero. Talvez até parte nobre de um sistema subterrâneo de comunicação subterrânea de águas da Amazônia com o aquífero Guarani.
Aquífero, o Jalapão, que brota efusiva e propulsivamente na superfície, em rios, riachos, dotados de belas cachoeiras, lagos, fervedouros, por toda sua região... Que irriga as bacias hidrográficas do Tocantins, São Francisco, Parnahyba, e do Rio da Prata. E que, certamente contribui com o Aquífero Guarani. Ao contrário do que fazem parecer seus secos caminhos e superfícies, e suas dunas...
As dunas resultam da erosão eólica da sua Serra do Espírito Santo. E o solo ressequido, resulta do terreno poroso, típico da porosidade de solo vermelho do aquífero.

Infindo, o pequeno Rio Formiga gorgolojeia próximo, denso e impetuoso.
Pásaros povoam a floresta com seu canto.
Muito próximo é Cerrado. Com seus pássaros igualmente.
Céu azul, vento, e, na sombra, a rede abriga a leitura de temas mais civilizados...
Será que as cristalinas águas do Formiga têm a ver com as cristalinas águas dos riachos do degelo dos Andes?...

Naquele dia, decidimos caminhar até a Cachoeira do Formiga, cerca de oito quilômetros de distância.
Preparamo-nos, depois do reforçado almoço.
E, pé na estrada.
Estrada São Félix-Mateiros...
O onipresente chão vermelho. Chão, de decomposição do pedra, do aquífero. De imensa porosidade.
Jogamos um pouco de água na pedra, ela a chupa rapidamente.
Assim, as águas das chuvas, no Jalapão, sâo absorvidas, em direção do aquífero.
A meio caminho há um abrigo para caçadores e mateiros.
Aí, depois de cumprimentar algumas pessoas que estão no abrigo, saímos da estrada vermelha, e entramos num caminho mais estreito, de areia alvamente branca.
Essa areia está em toda parte que não é terra e pedra vermelha.
Molhada, ela resiste à água, que não lhe penetra, e flui pela superfície.
É a areia cristalina do fundo dos rios, por onde as águas fluem.
Na superfície, ela coleta as águas, e as conduz por caprichosos caminhos efêmeros, até os rios. 
O relevo côncavo auxilia a coleta e o fluxo das águas da chuva, que se encaminham para os rios e riachos. De modo que o relevo do Jalapão atua como um imenso coletor e condutor de águas. Em direção às profundezas da terra, e do aquífero.
No meio do caminho, uma pancada torrencial de chuva, ilustra praticamente.
A água escorre pelo rosto, lava o corpo, empapa a roupa, encharca os calçados, e se perde na areia, juntando-se ao fluxo de outras águas. Em pouco, todo oCerrado flui em águas.
Não dura muito, apesar do caráter torrencial.
Em pouco, o sol brilha, o céu azul, o mundo como que renovado pela chuva. Respiração limpa e livre...
Caminhamos por cerca de cinco quilômetros... Descemos uma ladeira, até o local da cachoeira...
A chegada é a chegada ao paraíso...
Não é uma cachoeira só. São três ou quatro; ou uma cachoeira com quatro degraus.
O Formiga nasce, num jorro potente, entre pedras, alguns quilômetros acima.
A água, superlativamente cristalina, como as águas do Jalapão, que parecem obedecer a um padrão, aqui uma torrente volumosa.
Mas, o que deslumbra, é o tom verde azulado, e a cobertura de uma bruma branca, e suave... O contraste entre a bruma e água verde azulada... O clima tem um tom inefável, como se tivéssemos chegado num lugar mágico.
À volta, o contraste com o verde da vegetação, de altas árvores. Pontilhada de flores vermelhas, de Língua de Cotia, na margem.
Um banho alegre, de tanta beleza. Restaurador...
Explorar o rio. Os melhores lugares prá banho...
E banho...
Depois, o lanche, cuidadosamente guardado.
E empreender o caminho de volta...
Chegamos com a noite, Exaustos...
No Jalapão, os fervedouros são estruturas telúricas, bem indicativas das características da região.
No meio do mato, um pequeno lago, de areia cristalina, alvíssima, onde a água jorra abundantemente em bolhas rítmicas.
No início, dá até medo...
E se afundar, e entrarmos chão adentro no turbilhão das águas... Passa-nos pela cabeça.
Vamos devagar, e prudentemente, pelas bordas, amedrontados...
Do lado a água borbulha, em grandes e grossas bolhas, de água e areia... Felizmente, a água é fresca e cristalina, enquanto tateiam os pés e cresce a alegria.
Não é fundo...
Imensamente refrescante...
Tranquilizamos, aos poucos...
Irresistivel e prudentemente, os pés tateiam a fonte das gorda e peguiçosas bolhas... Mas nada de anormal...
A massagem das bolhas pelo corpo...
Relaxamos...
E só aí percebemos que tudo leva à propulsão...
A propulsão da emergência da água sustenta o corpo boiando, e não deixa que ele afunde...
É curioso e insólito, o corpo bóia no impulso da limpíssima água emergente...
A partir daí, de incoerente, vai-se o temor...
E o banho é só alegria... A água fresca, no calor do cerrado e da mata.. As bincadeiras... O aquietamento, para que baixe a turbidez da água, e se restaure a sua cristalinidade, quando a areia assenta...
À volta, os troncos e a folhagem de grandes árvores...
Pelas águas nutridas, a vegetação é densa, atravessada pelo estreito caminho.
Um imenso lagarto observa, de um galho a invasão de seus domínios...
Multicolor, de cores vivas, destoa da vegetação de verdes..
Assim é por todo Jalapão.
A Cachoeira da Velha, uma volumosa corredeira, entre Ponte Nova e Mateiros.
Ponte Nova, o portão do Jalapão, passagem do Rio do mesmo nome. Volumoso e impetuoso caudal, em direção ao Tocantins. Inúmeros lagos, cheios de peixinhos, de uma cristalinidade sublime..
Em São Félix do Araguaia, passa o Rio do Sono, com seus enxames de borboletas amarelas no solo, comendo sal, e as ariranhas brincalhonas.
Em Mumbuca, próximo a Mateiros, antigo Quilombo, tenta resistir uma Comunidade Quilombola, que busca se apropriar de seu Capim Dourado.
De modo que o Jalapão é um imenso e singular fenômeno hídrico. A ser conservado, por sua reserva republicana. Para a saúde dos rios da bacia do Tocantins, do São Franciso, do Parnahyba e do Rio da Prata.
Para a saúde do Aquífero Guarani.
Republicanamente zelado e usufruído, para a saúde e sobrevivência de nossas populações. E para o deleite universal de um mundo paradisíaco.